Eu fazendo música - aos olhos dos outros - sempre foi algo em grupo.
Comecei com um pequeno duo com meu irmão. Brincadeiras em casa, algumas canções improvisadas no violão (que eu nunca toquei, mas servia para compor minhas primeiras músicas). De cara eu já sabia, muito no fundo, que o que eu queria não estaria no violão. Nem na faculdade de música. Após alguns anos de conflito, no meu primeiro dia na faculdade de Letras, conheci o Dé, meu veterano. E dali vieram os felizes anos com a Lágrima Flor; uma verdadeira escola que fez eu me enxergar como músico em vez de alguém que tentava se encontrar num violino, preso entre tradições e técnicas e rótulos. Esses anos da Lágrima se mesclaram com o nascimento do Café Irlanda, outra escola. E com ela a realização inenarrável de me encontrar no meio daqueles sons que sempre haviam feito parte de mim e não conseguiam desaguar em lugar algum.
Ainda assim, havia algo, lá no fundo. Porque ao encontrar a viela percebi que o que eu queria fazer estava além do meu instrumento; e muito além de tudo que eu havia vivido musicalmente até então. Foram anos compondo coisas que não tinham lugar em projeto algum. Ora soavam muito folk para uma banda mais pop, ora muito estranhas para um projeto Irish. E em vez de se dissiparem como névoa que pareciam ser, essas músicas se empilharam e ganharam força. Força essa que tanto pulsou, tanto doeu, que desabou sobre minha cabeça e aliviou meu coração. Uma avalanche coroada pela música acima.
O que desaguou, desaguou aqui no meu quarto ao longo de anos. E quando a viela chegou, uma porta se abriu e muita coisa simplesmente caiu de mim. Algo fluiu. Algo preso há muito, mas muito tempo.
O que desaguou, desaguou aqui no meu quarto ao longo de anos. E quando a viela chegou, uma porta se abriu e muita coisa simplesmente caiu de mim. Algo fluiu. Algo preso há muito, mas muito tempo.
Eu poderia dizer que esse projeto começa aqui. Ou quando gravei essa música. Ou quando à escrevi.
Mas não.
Esse projeto começou quando eu nasci; e quando peguei num violino pela primeira vez. Esse projeto nasceu quando alguém me disse que música não tinha nada a ver comigo. E quando me apresentei na frente de uma plateia pela primeira vez, orgulhoso por fazer minimamente bem algo que me salvou de tanta coisa, em tantos níveis que não cabe nem aqui dizer. Esse projeto nasceu quando desisti de um concerto de formatura porque fui sequestrado por um instrumento mais forte que eu.
Esse projeto sou eu, sozinho, me rendendo a algo que sempre evitei: me expor sozinho. Wings & Horns sou eu tentando existir, com o que funciona e o que precisa de melhora. É a coisa mais honesta que já fiz. E essas músicas estão chegando para o mundo. Sou eu virado ao avesso para qualquer pessoa ver e ouvir.
Músicas que vieram de livros.
Músicas que chegaram pra mim em sonho.
Músicas que vieram da lua, do amanhecer, dos amores - do amor - e das histórias que nem eu sabia que sabia.
Da luz e da sombra.
Daquilo que mais amamos em nós; assim como que daqueles cantos imperfeitos que gritam por aceitação em vão.
Essas músicas são espinhos e pétalas.
Chifres sim;
porém asas também.
Paths, o primeiro single:
iTunes: http://hyperurl.co/wingsandhornspaths
E também nas seguintes plataformas: Spotify, Deezer, Google Play, Napster e Claro Música