sexta-feira, 21 de setembro de 2012

No Brasil: Raine Holtz - Through Waves


Não sei nem por onde começar este post. Acho que de todos os artistas/trabalhos abordados aqui no blog até agora, este é o mais denso em termos de informação, história e detalhes, a ponto de fazer da viela um mero coadjuvante do quadro geral. Devo dizer também que este é um  trabalho com o qual eu me identifico de forma um pouco mais forte por diversas razões pessoais. Por conta disso, fico até meio contrariado, já que para mim é muito claro que por mais que eu escreva, o verdadeiro valor dele não será devidamente transmitido.

Raine Holtz e alguns de seus intrumentos
Antes de mais nada, esclareço:  não se trata de uma banda, e sim de uma única pessoa, Raine Holtz, curitibano que começou seus estudos musicais no piano clássico e hoje é cantor e multi-instrumentista autodidata, tocando acordeon, harpa, flauta doce, algumas percussões étnicas e, mais recentemente, a viela de roda. Tudo isso em seu projeto independente que é muito, mas muito bem feito. De quebra, Raine me disse que está se preparando para adquirir um yangquin chinês, um bodhrán e um shenai indiano. Sim, é muita coisa. Mas tudo utilizado de forma muito sóbria e sensível.

Dono de uma voz interior musical muito distinta e direta, Raine se apaixonou pela viela de roda ao ver o virtuoso Nigel Eaton em ação há alguns anos: "É o som mais belo, o instrumento mais incrível e peculiar, tudo parece soar melhor com o hurdy-gurdy. Sou completamente fascinado por ele."

[2] foi tudo o que pude responder.

Seu trabalho, entitulado Through Waves, é um misto de sentimentos e cores profundas e, de uma forma muito bonita, tristes também. Algumas de suas canções me trazem uma saudade de algo que não sei o que é. Isso significa, ao menos para mim, que sua música atinge sentimentos muito antigos dentro de nós. É algo bem especial. Aliás, é justamente por conta dessa falta de nomes a sentimentos que eu gostaria de chamar a atenção de vocês para o vídeo da música Two Chapters, do terceiro disco [ Santuário ] deste interessantíssimo projeto, previsto para outubro:


Como comentei no último post, o conheci através do amigo Alex Navar, que provavelmente ciente da minha tentativa de "catalogar", encontrar e quem sabe - dentro do possível - unir a comunidade vielística do Brasil, me indicou o trabalho do Raine. 

A identificação foi quase que instantânea, não só pela viela em si, mas por toda a proposta que perpassa seu trabalho. Encontrar na música uma terapia pessoal é algo sobre o qual todo músico, de uma forma ou de outra, entende. Levar esta terapia a outros níveis mais profundos, por conta própria e de forma bem feita, já é outra história. E Raine faz isso de uma forma extremamente delicada e própria.

Androginia, ondas, sensibilidade, outono, magia, excentricidade e personalidade são alguns dos incontáveis elementos com os quais Raine faz malabarismo ao longo de sua jornada. Aliás, jornada essa que com certeza nos reserva muitas surpresas boas. Com direito à viela de roda fazendo música bonita e interessante aqui no Brasil. ;-)

Raine Holtz toca uma viela de roda em dó, modelo minuet, construída por Mel e Ann Dorries, nos Estados Unidos.


terça-feira, 11 de setembro de 2012

No Brasil - Updates em relação ao número de vielistas

Foto por Emmanoel Ferreira
Vocês não vão acreditar no dia que tive hoje graças aos milagres da internet... Mas antes, vamos lá: este post não tratará de apenas um assunto específico. Quero apenas contar as últimas novidades e preparar o terreno para o que vem por aí. 

Bem, recentemente tive a oportunidade de me apresentar com o Café Irlanda na Nerd Super Con, no clube israelita, em Copacabana. O show foi um verdadeiro sucesso. Aliás, a música considerada como o ápice da apresentação - abertura de Game of Thrones -  contava com a presença de Lyanna (meus instrumentos tem nome, me julguem) então fiquei bem feliz. ;-)

Daí que, passado isso, eu estava aguardando alguns assuntos para pauta, né? Não é como se o mundo dos hurdy-gurdies no Brasil pagasse fogo muito, então estava bem na minha, escrevendo sobre algodão e resina quando voilá, tive a brilhante ideia de entrar em contato com o Música Antiga da UFF para saber de vez quem toca a symphonia no grupo. Fui muito bem recebido pela Lenora Mendes, que me iluminou e gentilmente me explicou que eles não possuem apenas uma symphonia, mas sim TRÊS, sendo a dela a mais utilizada tanto por ela quanto pela Virgínia Van der Linder.

Fiquei muito contente com este esclarecimento e hoje cedo, após trocar pela primeira vez uma corda da minha viela (processo que foi bem fácil, por sinal), eu estava pronto para sentar e escrever quando o Alex (sim, famoso uillean piper carioca) me enviou uma mensagem falando que havia conhecido um rapaz de Curitiba que também toca viela de roda e cujo trabalho me agradaria. YAY, pensei. Mais uma vítima abduzida por esse instrumento fantástico. Mal entrei em contato com ele e volta o Alex para me avisar que um dos rapazes do Terra Celta também possui há pouco tempo uma viela. Quer dizer, em um único dia eu consegui fazer contato com mais duas almas aleatórias que agora são parte desse círculo. É muito bom ver isso acontecer. As pessoas precisam saber que existe muita música boa mundo afora, música tocada por instrumentos inimagináveis. Sons incríveis! Fiquei extremamente contente e prometo voltar logo para devidamente apresentar cada um deles com seus respectivos trabalhos. Por hora, contudo, gostaria apenas de divulgar o grupo que criei no Facebook com o intuito de reunir músicos, amantes, amadores e qualquer pessoa interessada na viela. Aproveito também para atualizar a pequena lista de vielas e vielistas em terras brasileiras:

Augusto Ornellas, em Brasília, DF - Viela feita por Jaime Rebollo (Galícia).
Domingos Sávio Lins Brandão, Belo Horizonte, MG - desconheço o luthier, mas desconfio que seja o Morillo (Argentina)
Lenora Mendes, Niterói, RJ - Symphonia construída por Kelicheck (Susato Intruments, EUA).
Virgínia Van der Linder, Niterói, RJ - Symphonias construídas por Kelicheck (Susato Intruments, EUA).
Rique Meirelles, Rio de Janeiro, RJ - Viela construída por Neil Brook (Lancashire, Inglaterra).
Raine Holtz, Curitiba, PR - Viela construída Mel e Ann Dorries (EUA)
Edgar Nakandakari, Londrina, PR - Viela construída Mel e Ann Dorries (EUA)

E nosso número está crescendo!  ;-)