É com muita alegria que escrevo esse post. Já faz algum tempo que venho reparando o surgimento de alguns novos grupos e artistas que tem incorporado a viela de roda em seus trabalhos e eu sempre na correria esqueço de lhes dedicar o devido tempo. Hoje consegui; e só queria repetir que é sempre uma surpresa feliz ver nosso instrumento ganhar cada vez mais espaço por aqui.
O post de hoje é sobre um desses grupos que eu tenho encontrado - e um com mágica já em seu nome - o Asa de Grilo Folk (como não amar esse nome?). Os conheci há alguns meses no (pasmem!) #instagram e não demorei a entrar em contato com o André. O trio então respondeu algumas perguntas sobre o projeto. Foram super solícitos, tanto que me bastou copiar e colar suas respostas.
Com vocês, Asa de Grilo:
- De onde vocês são e como o grupo surgiu? Qual a trajetória dos membros?
Moramos em Chapecó, Santa Catarina. O grupo surgiu a partir de festas
medievais que fizemos aqui na região há alguns anos. No início,
juntamos alguns amigos que tinham interesse em repertório medieval e
folk para ensaiar alguns temas, com o intuito de toca-los nessas
festas. Deste grupo inicial, persistiram na proposta André e Thiago,
criando algumas músicas inspiradas na linguagem folk, medieval,
renascentista e céltica. Este ano Ricardo passou a integrar o Asa de
Grilo, que fez recentemente sua primeira apresentação.
- Poderia nos falar um pouco sobre a trajetória dos membros?
André Luiz Onghero - Dedica-se à música há 22 anos, compondo e tocando
vários instrumentos, principalmente guitarra. Participou de várias
bandas de rock, blues e folk. Desde 2007 começou com experiências e
pesquisas sobre construção de instrumentos musicais medievais. No Asa
de Grilo, compõe e toca violino, violão, gaita de fole, viela de roda,
flauta, escaleta e percussão. Profissionalmente, atua como historiador
e tem formação na área de história e educação.
Thiago Cardoso de Aguiar - Há cerca de 10 anos iniciou sua trajetória
musical, participando de bandas de rock e heavy metal como cantor e
compositor. O interesse pela cultura medieval o motivou a criar a
parceria musical com o André e também a fabricar hidromel. No Asa de
Grilo, além de compositor e vocalista, ele toca flauta, violão, gaita
de fole, escaleta e percussão. Profissionalmente, é atendende
comercial.
Ricardo Parizotto - Participante mais recente do grupo, dedica-se ao
violão há 8 anos. O interesse pela música medieval surgiu após
conhecer os integrantes do grupo, onde hoje toca violão e percussão.
Profissionalmente atua como professor universitário.
- De onde vem o nome Asa de Grilo?
Apesar do projeto já ter alguns anos, está mostrando sua produção
apenas agora em 2017. O nome também é recente e consideramos que ele
representa bem a proposta sonora do grupo. Afinal de contas, o grilo é
um animal que existe em todos os continentes e que é personagem do
folclore de várias culturas. Além disso, é pelo raspar das asas que
ele produz o seu som característico, o que meio que o transforma em um
instrumentista. Então a mescla destes elementos nos motivaram a
escolher Asa de Grilo como nosso nome.
- Como conheceram a viela de roda e como incorporaram o instrumento à
banda? Vocês mesmos a construíram?
Eu (André) conheci a viela de roda em 2001, em um simpósio de história
que aconteceu na UFF em Niterói, quando vi alguns grupos de música
antiga e me interessei muito por música medieval e pelos instrumentos
que eles usavam, entre os quais, a viela de roda.
Em 2007 resolvemos fazer uma festa medieval e aí comecei as tentativas
de fazer instrumentos. Inicialmente tentei fazer um alaúde, mas ficou
algo muito tosco, o que não impediu de tentar mais algumas vezes,
ainda que sem sucesso. Parti para as flautas, obtendo resultados
satisfatórios. Queria também fazer gaitas de fole e vielas de roda, e
fiz várias tentativas frustradas. Após muita pesquisa, em 2013 comprei
um torno para madeira e as ferramentas específicas, conseguindo
construir a minha primeira gaita de fole. Depois disso, continuei a
produção e já fiz várias gaitas, que usamos no grupo. Em 2015, fiz uma
viela de roda sem muito planejamento e que não deu muito certo, mas me
ajudou muito a entender as peculiaridades do instrumento. Após certo
tempo planejando, em 2016 comecei a construir esta que estou usando,
ainda em caráter experimental e já identificando vários itens a
aperfeiçoar nos próximos projetos. Mesmo ela sendo um instrumento a
ser aperfeiçoado, não nos impediu de a usarmos, inclusive
disponibilizamos alguns videos de músicas nossas tocadas com ela.
- O repertório de vocês é autoral?
Sim, nosso repertório é majoritariamente autoral. Temos vários temas
instrumentais e algumas canções, e, como forma de contextualização,
tocamos algumas músicas medievais, renascentistas e folclóricas. Fica
o convite para conhecer o nosso trabalho no youtube ou em nossa
página do facebook
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Eu sempre - sempre mesmo - fico impressionado com essa característica tão nossa quando o assunto é a viela de roda. Estamos aqui meio isolados do mundo vielístico europeu, e não são tão raras as pessoas que vem tentando construir vielas. Meus sinceros parabéns a todos vocês.
E meu muitíssimo obrigado ao André e os rapazes do Asa de Grilo. Sucesso pra vocês!
E meu muitíssimo obrigado ao André e os rapazes do Asa de Grilo. Sucesso pra vocês!
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