A tune que estava tocando me soava familiar, sabe-se lá de onde ou quando. Me remetia à Bretanha, talvez. Soava como algo muito antigo. O cheiro era de cerveja e chocolate; e era tão forte que achei que meu cachecol precisaria ser lavado. Com a cabeça meio tonta de cerveja e o coração transbordando de música e alegria como jamais senti, levantei e fui até o palco me juntar aos músicos da session: uma gaita de foles alemã (dudelsak), uma nyckelharpa e outra viela de roda. A sensação era de que queria ficar ali, preso naqueles dias, para sempre. Nunca havia sentido isso. Por mais que eu reclame, eu sempre sinto falta do calor, das pessoas e dos cantos que tanto amo no Rio de Janeiro. Como eu vim parar aqui, gente? Foi um dos mantras daquela noite. O outro era: yep, missing carnival as we speak.
Dois dias antes eu estava andando por uma longa e fria rua de Berlim, sem internet, sem google maps e apenas com dois prints de celular com partes de mapas. Obviamente perdido. Obviamente me questionando se realmente valia à pena despencar para tão longe por algo que em teoria duraria tão pouco. Claramente sem ter noção do sonho que me esperava. Vamos ser menos impulsivo, Rique? Se informe melhor antes de se inscrever em coisas. Enfim, eu precisava chegar num instituto e encontrar Birgit; a moça que gentilmente (e virtualmente) aceitou me dar carona até Mühlhausen, coração da Alemanha, na região da Turíngia, para um workshop com Germán Díaz. Ela ia para integrar a turma de canto, com sua harpa para acompanhar.
Apesar de estar perto do local, a dificuldade dos alemães para dar informações me atropelou; e depois de muita andança eu, meu instrumento e nossas mochilas chegamos ao ponto de encontro. Suado e com cara de quem havia chorado poucos momentos antes, apenas acenei e disse hey! ao ver uma mulher com seu case de violino, claramente esperando alguém.
Cheguei 12:30 em ponto. Me orgulho da minha pontualidade, na real. Mesmo quando tudo está meio que dando errado, ela prevalece. Enfim, a moça em questão era Suzana, violinista folk com foco no repertório alemão, algo bem peculiar para mim, que sempre fiquei ali pelo violino irlandês, escocês e talvez bretão. Ela me recebeu com um caloroso sorriso, sem questionar quem eu era. Nosso papo começou ali e só terminou de verdade no dia em que eu estava voltando para a casa do meu amigo em Berlim. Literalmente paramos de falar apenas quando desci no meu ponto. Que pessoa linda. E a apresentação da turma dela foi maravilhosa, e o som dela é lindo demais. Suzana fez minha viagem até a região da Turíngia algo nada constrangedor, e não tivemos sequer UM momento de silêncio indesejado.
Cheguei 12:30 em ponto. Me orgulho da minha pontualidade, na real. Mesmo quando tudo está meio que dando errado, ela prevalece. Enfim, a moça em questão era Suzana, violinista folk com foco no repertório alemão, algo bem peculiar para mim, que sempre fiquei ali pelo violino irlandês, escocês e talvez bretão. Ela me recebeu com um caloroso sorriso, sem questionar quem eu era. Nosso papo começou ali e só terminou de verdade no dia em que eu estava voltando para a casa do meu amigo em Berlim. Literalmente paramos de falar apenas quando desci no meu ponto. Que pessoa linda. E a apresentação da turma dela foi maravilhosa, e o som dela é lindo demais. Suzana fez minha viagem até a região da Turíngia algo nada constrangedor, e não tivemos sequer UM momento de silêncio indesejado.
Após mais ou menos três horas e meia dentro de um carro, a paisagem repleta de campos começou a se fechar e florestas começaram a tomar conta da nossa vista. Mühlhausen se revelou uma jóia charmosa a partir de suas casinhas, todas no estilo alemão; todas como se houvessem saído de uma fenda temporal. O workshop (Spielkurs Mühlhausen) ocorreria num dos prédios mais antigos da Alemanha, o AntoniQ; local onde o primeiro hospital da Alemanha existiu (havia sido uma igreja antes). Ao passar pelos portões e marcar presença na lista de chegada, reconheço um rosto que parece me reconhecer também: Fabi, a mocinha da viela roxa do Instagram, integrante de duas das bandas que sigo e curto (haha ai, Instagram! S2) estava bem ali. Depois de um sonoro whatthefuck e um abraço, era oficial: aqueles seriam dias positivamente difíceis de assimilar. Epicness confirmada. Fabi foi mexer com um vira-lata que entrou na vila, e eu tomei meu rumo, atordoado.
Segui para meu quarto, onde troquei uma ideia com um senhor chamado Quentinn (que eu viria a descobrir que já era meu amigo no face haha), pessoa maravilhosa, acolhedora e com o MESMÍSSIMO gosto que eu para tunes e álbums. Epicness recafirmada. Poucos minutos depois, saio, pego a roupa de cama que será minha pelos próximos dias e volto para o quarto para ser surpreendido por Pablo, idealizador, compositor e vielista da Sangre de Muerdago, essa sim provavelmente uma das bandas que mais ouço quase todas as noites. Eu queria ter falado mil coisas ali naquela hora, mas apenas nos abraçamos e nosso primeiro dialogo foi sobre onde pegar os lençóis (!) para as beliches (!) do nosso quarto (!). Nem sei, viu. Muitos momentos legais por MINUTO naquele lugar.
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