Antes de seguir para o último homem da imensa lista de vielistas brasileiros da atualidade, acho válido voltarmos nossa atenção àqueles que, apesar de não serem Brasileiros, estiveram em nossas terras e divulgaram de uma forma ou de outra nosso amado instrumento.
O primeiro deles (e eu digo primeiro aqui em quase todos os sentidos imagináveis) foi o argentino Pablo Lerner. Agora, se eu achava que ser brasileiro e tocar música tradicional irlandesa ou a música de alguns países europeus já era meio inusitado, imagine ser argentino, tocar uma viela húngara e trabalhar na música específica do nordeste brasileiro? Pois é.
Antes de mais nada, é válido esclarecer que o instrumento do Pablo é um tekerölant. Embora essencialmente um hurdy-gurdy como qualquer outro, o tekerö (húngaro para... alaúde rotativo?!) possui suas particularidades. Basicamente, a sua roda é menor - o que influencia diretamente a performance de peças mais lentas; e suas teclas, que existem em menor número e ficam numa caixa de teclas bem maior que as comumente vistas em vielas, de modo que ao serem acionadas as mesmas não saem do outro lado da caixa (o que geralmente nos ajuda muito no início da prática). O tekerö usado por Pablo foi construído por um dos principais construtores do instrumento na Hungria, Balazs Nagy.
Bem, morando na Hungria (onde estudou viela), Pablo, que me disse em primeiríssima mão que está terminando um método para tocar música nordestina na viela de roda (!), recentemente respondeu a algumas perguntas de forma muito solícita. Sobre sua história, ele fala com toda a naturalidade do mundo que já fez 33 viagens ao nosso país, onde também estudou música; e complementa que "sempre gostou do Brasil e da Hungria", simples assim, como quem diz gostar de queijo e abacaxi. Sua vinda ao Brasil, há alguns anos, ocorreu devido à Segunda Mostra de Música Antiga de Araripe, ocasião que possibilitou apresentações em locais como sesc e BNB Juazeiro do Norte.
Seu trabalho tem como objetivo explorar a música da rabeca na viela de roda (e que vergonha, hein, Brasil. Foi necessário um argentino tomar esta iniciativa! =P), objetivo este alcançado de forma muito feliz, em parte graças à sua parceria com o multi-instrumentista e pesquisador de música para a rabeca, Di Freitas.
Você pode conferir um pouco mais deste magnífico projeto aqui.
É ou não é lindo?
;-)
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