segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Busk in Rio ;-)


Sábado, 19:30 PM. Ipanema. Uma senhora sisuda e austera passa por nós de cara amarrada. Mais uns passos à frente para, olha pra trás e retorna. Gelei. Essa daí não gostou, não, penso.

- Que engraçado. Que instrumento é esse?

- É uma viela de roda.

- Nossa... Que inusitado. Parabéns, vocês são inusitados. Essa foi a coisa mais inusitada que vi hoje.

- Obrigado! =)

Ela se retira - dessa vez com um sorriso no rosto - para ceder ao impulso por uma segunda vez e voltar pro nosso cantinho.

- Olha, toma: não é dinheiro, não. Mas é inusitado também.

Assim eu e Pedro concluímos mais um dia de busking nas ruas do Rio. Ele com sua flauta doce, eu com minha viela de roda. Terminar o dia recebendo arte em troca de arte foi um momento extremamente especial, e agora dividimos a custódia da inusitada tela que abre este post.




Feirinha do Lavradio
Busking. Taí uma coisa que nunca havia pensado que ia amar fazer na vida. Ultimamente eu tenho refletido muito sobre a música que toco e o que quero, e tocar nas ruas é um ótimo lugar para fazer música de forma leve e descompromissada. Me ajuda a pensar. Além de ser também uma ótima forma de estudar sem se sentir muito observado - meus vizinhos obviamente sabem muito bem quando estou ensaiando, ao passo que na rua o meu público muda a cada alguns minutos.

A ideia é aparecermos aos fins de semanas em alguns pontos bem característicos, como a feirinha da rua do Lavradio, na Lapa; a rua Voluntários da Pátria, em Botafogo ou a praça General Osório, em Ipanema.

Essa experiência tem sido cada vez mais enriquecedora. Pessoas de todos os tipos param e ficam encantados pelo som da flauta com a viela, principalmente as crianças. O mais interessante é ver como algumas reações são previsíveis: durante algum tempo a sensação é de ser invisível. Ninguém dá a mínima... Até uma pessoa interromper seu trajeto e parar. Basta UMA alma fazer isso para que outras tomem coragem e parem, sorriam e te abordem. =)

Sei que pode parecer besteira, mas fica meu registro. E meu agradecimento às pessoas que chegaram aqui após pararem e terem tido a curiosidade de me perguntar sobre esse instrumento fascinante. Com o tempo vou postando uma pequena agenda dos locais e horários em que estaremos nas ruas com nosso pequeno projeto itinerante. 


Vielisticamente,

;-)

Um comentário:

  1. Estou simplesmente explodindo de felicidade de saber que você aderiu ao saltimbanco. Já tem três anos que toco viela de roda aqui nas ruas de Curitiba, e todo dia é uma aventura diferente, seja por coisas boas ou coisas ruins. É incrível a sensação de se misturar ao ambiente e se tornar invisível, mesmo quando você está fazendo algo que ironicamente chama tanta atenção; e quando alguém quebra o "silêncio" e ainda por cima faz uma doação depois de julgar que qualquer aprendizado que foi passado da gente para ela é importante, nossa, trabalho feito, né?

    Eu encorajo todos os músicos a pelo menos tentar uma vez a tocar pelas ruas. Meu primeiro aluno de viela de roda é também um accordeonista incrível, e um belo dia andando distraída pelo centro da cidade, vejo ele tocando feliz e descompromissado. Senti uma coisa boa. E agora não sou mais a única vielista oficial a tocar pelas ruas do país! Rique, você me inspira e me surpreende sempre. Não desista nem fuja das ruas. Nós não somos músicos da rua; a rua é nossa.

    Beijão da louca da viela <3
    Raine

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